Claro que me lembro como se fosse hoje do teste de físico-química do 8º ano; não me perguntem o dia, nem o mês, nem a matéria que ia sair; mas sei que eram 8.30, era inverno, e uma sexta-feira em que ia precisar de uma calculadora.
Tinha estudado, claro.
Tinha levado os resumos e rascunhos para estudar antes do teste.
Mas assim que, depois de entrarmos na sala e de nos acomodarmos, tirei o material necessário reparei que me faltava a calculadora. “Mas como?”-interroguei-me-apesar de ser despistada não costumava me esquecer das coisas importantes nos dias importantes.
Saí da sala 14 e perguntei a todas as pessoas, que estavam ao pé das portas das salas ,se tinham uma calculadora que me pudessem emprestar. Impressionante, mas ninguém me respondeu afirmativamente. E já desesperava. Lembro-me até de um rapaz que estava a ouvir musica e que aposto que me viu só a mexer os lábios até que tirou os phones para ouvir a minha lenga lenga de pedinte: “bom dia. Desculpa, tens uma calculadora que me possas emprestar?”, e depois de um não muito calmo voltou a ouvir musica.
É que desesperava mesmo!
Bem, percorri a porta de todas as salas e ninguém.
La ao fundo dois rapazes acabavam de subir as escadas. E o meu coração disparou como se fosse a primeira vez que via aquele rapaz loiro de olhos azuis e pele clara. Falei primeiro com o amigo que não tinha a calculadora, depois com ele. Lembro-me de uma resposta ensonada, e ainda trago na memoria o momento em que a calculadora saiu da mochila verde seco e que, apesar do ar desorientado, me chegou através de um gesto de simpatia.
Não a devolvi directamente.
No mesmo dia, ou na semana a seguir(nem me recordo como deve ser) apaixonei-me...definitivamente.
Inexplicável.
Senti que sim. Que era ele.
Um dia mais tarde ele disse-me que agradeceu bastante à calculadora, porque se não fosse a calculadora não nos tínhamos aproximado. Disse-me também que quase que disse que não tinha calculadora até porque ia ter aula de matemática... “não há coincidências” não e verdade?
Sempre que penso em nós e em cada história da nossa história apercebo-me que são todas fruto do acaso...ou da vontade superior.
Neste momento, 3 anos depois, não consigo desfazer-me de nada, do tanto que trago na memoria. E agora, 3 anos depois não deixo de precisar dele, talvez porque o esteja a perder para sempre.
A ideia de não o ver na escola faz-me desesperar.
Pensar que nunca mais vou falar cm ele. Ainda não tinha visto as coisas desta forma, nem nunca tinha pensado assim.
Nos Açores, lembro-me que só queria que desaparece-se...hoje quero estar nos Açores com ele, no porto, em Lisboa, aqui, em Vilamoura, na praia, no campo...tanto faz.
Lembro-me como se fosse hoje de tudo...de tudo o que deixaste marcado.
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